Imagem demonstra uma mesa com muito dinheiro em cima dela e várias notas espalhadas pelo chão. Na mesa, também há algemas, representando a apropriação indébita
Direito

Quais as implicações legais da Apropriação Indébita?

A apropriação indébita é um crime previsto no Código Penal Brasileiro (CP), mais especificamente no Artigo 168. 

Trata-se de uma conduta ilícita em que alguém se apropria de algo que lhe foi confiado ou que está sob sua responsabilidade, utilizando-o de forma indevida, sem a devida autorização ou sem cumprir com a obrigação de devolvê-lo ao legítimo proprietário.

Com isso, neste artigo, exploraremos em detalhes os aspectos legais da apropriação indébita, suas características, penalidades e implicações jurídicas.

Quais são os tipos de apropriação indébita?

Neste crime, se apropriar consciente e voluntariamente de um bem móvel ou imóvel, valor financeiro ou qualquer outro objeto de valor que lhe tenha sido confiado, sem autorização e sem a intenção de devolvê-lo ao legítimo proprietário, viola-se assim a confiança depositada.

Ademais, essa apropriação ocorre sem a autorização do proprietário legítimo e sem cumprir com a obrigação de restituir o bem ou valor.

Art. 168, Código Penal – Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

O que caracteriza a apropriação indébita?

O instituto possui algumas características importantes que a distinguem de outros crimes relacionados à apropriação ilegal de bens. 

Assim, na relação entre autor do crime e a vítima, é necessário que haja uma confiança estabelecida, para uma finalidade específica.

Além disso, o autor deve agir de forma consciente e voluntária, sabendo que está se apropriando indevidamente do bem ou valor confiado a ele.

Quem é o sujeito ativo e passivo no crime?

Os sujeitos ativos do crime de apropriação indébita são aqueles que cometem o delito, ou seja, os autores do crime, que se aproveitam da confiança depositada neles. 

Dessa forma, os sujeitos ativos podem ser tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, dependendo do contexto em que ocorre a apropriação indébita.

Já o sujeito passivo do crime de apropriação indébita é a pessoa ou entidade que confiou o bem ao autor do crime. É a vítima da apropriação indébita, que teve sua confiança traída e sofreu o prejuízo decorrente da ação criminosa. 

Assim, o sujeito passivo pode ser tanto uma pessoa física quanto uma pessoa jurídica, desde que tenha confiado o bem ao autor do crime.

Aqui, é crucial destacar que o sujeito passivo não é necessariamente o proprietário legal do bem, mas sim aquele que confiou o bem ao autor do crime. Por exemplo, em um contrato de depósito, o depositante é o sujeito passivo, mesmo que o proprietário legal do bem seja outra pessoa.

Qual a pena por apropriação indébita?

De acordo com o artigo 168 do Código Penal, considera-se a apropriação indébita como um crime sujeito a penalidades previstas em lei.

A pena para esse crime varia de acordo com a gravidade e os danos causados à vítima. Em casos mais simples, as autoridades podem condenar a pessoa à detenção de um a quatro anos, além de multa.

Em situações mais graves, quando o crime é cometido por um funcionário público no exercício de suas funções ou quando há abuso de confiança, as autoridades têm a possibilidade de aumentar a pena.

Implicações jurídicas

A apropriação indébita tem implicações jurídicas significativas tanto para o autor do crime quanto para a vítima. 

Além disso, o autor encara o risco de manchar sua reputação, enfrentar processos judiciais e ser obrigado a reparar o dano causado à vítima, além das penalidades previstas em lei.

Já para a vítima, a apropriação indébita pode resultar em prejuízos financeiros, emocionais e até mesmo na perda definitiva do bem ou valor apropriado indevidamente.

Qual a diferença entre o crime de apropriação indébita e estelionato?

No campo do direito penal, utiliza-se os termos apropriação indébita, receptação, estelionato e furto para descrever diferentes tipos de crimes contra o patrimônio. Veja as semelhanças

  1. Apropriação Indébita: ocorre quando alguém se apropria de um bem móvel que lhe foi confiado, seja por contrato, depósito, penhor, comodato ou qualquer outra forma legal de posse. Quem comete a apropriação indébita inicialmente recebe o bem de forma lícita, mas posteriormente o utiliza para benefício próprio, sem a autorização do proprietário. A chave para esse crime é a violação da confiança. A apropriação indébita é um crime específico, que se diferencia do furto por envolver uma relação de confiança preexistente entre o autor e a vítima;
  2. Receptação: adquirir, receber, transportar, ocultar ou vender um bem que sabe ser produto de crime, ou seja, proveniente de furto, roubo, estelionato, apropriação indébita ou qualquer outro delito contra o patrimônio. Diferentemente da apropriação indébita, a receptação não envolve a posse inicial lícita do bem. O receptor do bem sabe que ele foi obtido de forma ilegal e, mesmo assim, o adquire ou facilita sua comercialização;
  3. Estelionato: é um crime que envolve a obtenção de vantagem ilícita por meio de fraude, engano ou ardil. O estelionatário induz a vítima a realizar um ato que a prejudica financeiramente, seja por meio de falsas promessas, manipulação ou outro meio fraudulento. Diferentemente do furto e da apropriação indébita, o estelionato não implica na subtração física de um bem, mas sim na obtenção de vantagem financeira por meio de artifícios enganosos.

Como se defender de uma acusação de apropriação indébita?

Um advogado especializado em direito penal poderá analisar o caso, reunir provas, apresentar argumentos sólidos e buscar a melhor estratégia de defesa para garantir os direitos do acusado.

É importante ressaltar que cada caso é único e requer uma análise individualizada para determinar a melhor abordagem defensiva.

1. Apropriação indébita por erro, caso fortuito ou força da natureza (art. 169, CP)

A apropriação indébita por erro, caso fortuito ou força da natureza é um tema relevante no campo do direito penal. O artigo 169 do Código Penal estabelece que o agente não comete crime quando se apropria de coisa alheia por erro, caso fortuito ou força da natureza.

No caso do erro, alguém se apropria indevidamente de um bem, acreditando equivocadamente ser o legítimo proprietário, e o utiliza para benefício próprio. Nesse contexto, o agente não tem a intenção de cometer o crime, pois acredita estar agindo de forma lícita.

No entanto, é importante ressaltar que o erro deve ser inevitável e não decorrente de negligência ou descuido.

Já o caso fortuito se refere a eventos imprevisíveis e inevitáveis que levam à apropriação indébita. Por exemplo, se alguém encontra um objeto abandonado em um local público e decide utilizá-lo por falta de informações sobre o verdadeiro proprietário, essa pessoa não comete crime de apropriação indébita. 

Por fim, a força da natureza diz respeito a eventos naturais que levam à apropriação indébita. No exemplo em que uma enchente arrasta objetos para a propriedade de alguém e essa pessoa os utiliza sem saber a quem pertencem, não ocorre o crime de apropriação indébita.

A força da natureza é um fator externo que impede que o agente tenha conhecimento da verdadeira origem do bem.

Nos casos de apropriação indébita por erro, caso fortuito ou força da natureza, não se configura o crime, uma vez que o agente não age com dolo ou culpa. 

2. Em suma

A apropriação indébita é um crime que envolve a violação da confiança e a apropriação indevida de bens ou valores confiados a alguém. É um delito que possui consequências jurídicas sérias e pode resultar em penalidades significativas para o autor. 

Além disso, é recomendável que as pessoas conheçam as leis e direitos envolvidos neste crime, tanto para evitar a prática quanto para buscar uma defesa adequada caso enfrentem acusações.

Ademais, a justiça e a ética são fundamentais para a convivência em sociedade, e a apropriação indébita vai de encontro a esses princípios.

É importante ressaltar que este artigo tem como objetivo fornecer informações gerais sobre a apropriação indébita e não substitui o aconselhamento jurídico individualizado. Por fim, sabemos que se organizar com qualidade é primordial para os advogados.

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