martelo de juiz sob fundo preto em post sobre lei 11343
Direito

Desvendando a legislação de drogas: o impacto da Lei 11.343/2006 na sociedade 

A Lei 11343, conhecida como Lei de Drogas, é um marco legal no Brasil que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad).

Essas políticas de substância ilícitas sempre foram um tema discutido devido à sua complexidade, visões polarizadas e as suas consequências sociais.

No Brasil, o tráfico de entorpecentes se configura como uma realidade dura e presente, alimentando a violência e a desintegração social. Foi nesse contexto que, em 2006, foi promulgaram a Lei 11.343

Contudo, mais do que normas, o estatuto representa uma batalha de constantes mudanças, onde diferentes visões e argumentos se confrontam na busca de soluções eficientes, com o objetivo de proteger os direitos individuais

Nesse sentido, é importante compreender os pontos mais essenciais desta legislação, não apenas para os juristas e profissionais da área, mas para todos os cidadãos que desejam uma sociedade mais justa e segura.

O que é a Lei 11.343 2006?

A legislação antidrogas estabelece normas e diretrizes relacionadas ao controle e combate ao tráfico ilícito e ao seu uso indevido. 

Além de definir medidas para punir o contrabando e a produção ilegal de narcóticos, ela adota uma abordagem para lidar com os problemas decorrentes do uso dessas componentes.

1. Prevenção

A prevenção é um dos pontos importantes da Lei 11343, pois reconhece a necessidade de evitar o início de uso dessas substâncias, especialmente entre jovens e grupos vulneráveis. 

Dessa forma, o conjunto de leis prevê a implementação de políticas e programas de prevenção, como:

  • Campanhas de conscientização veiculadas em diversos meios de comunicação;
  • Iniciativas educativas específicos, direcionados a diferentes grupos e contextos, como escolas, comunidades, famílias e locais de trabalho;
  • Promoção da vitalidade e do bem-estar em geral. Por exemplo, ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida, o fortalecimento de fatores de proteção, como o apoio familiar, comunitário e social, e o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais;
  • Medidas para reduzir a demanda por drogas, como o acesso a atividades recreativas e culturais alternativas, esportes, lazer e entretenimento saudável.

2. Tratamento

O regulamento de substâncias controladas assume a obrigação de oferecer assistência adequada e humanizada aos seus usuários e dependentes.

Essa abordagem mostra que existe uma compreensão mais ampla do problema dos entorpecentes. Isso porque se entende que a dependência química é uma questão de saúde pública que requer intervenções individualizadas.

Para atender a essa demanda, o regulamento estabelece medidas como:

  • Fornecer serviços de saúde mental acessíveis e de qualidade para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos viciados. Como, atendimento em centros de saúde, clínicas especializadas e hospitais psiquiátricos;
  • Implementar programas de reabilitação destinados a ajudar os indivíduos a superarem a dependência química e a recuperarem seu bem-estar físico e mental;
  • Oferecer terapias ocupacionais e projetos de inserção no mercado de trabalho. Isso pode incluir treinamento profissional, educação vocacional, iniciativas de emprego apoiado e outras estratégias;
  • Disponibilizar recursos e suportes, como grupos de apoio mútuo, assistência social, moradia assistida, ações de prevenção ao HIV/AIDS e hepatites virais, e acesso a medicamentos e tratamentos específicos, conforme necessário.

3. Repressão

Com medidas voltadas para combater o tráfico e a produção ilícita de drogas, a Lei 11343 tem o objetivo de reduzir o suprimento de entorpecentes, interromper as operações criminosas relacionadas e proteger a segurança e o bem-estar da população. 

Algumas das principais medidas de repressão previstas pela legislação:

  • Investigar e punir indivíduos envolvidos no tráfico;
  • Desmantelar e desarticular organizações criminosas envolvidas no contrabando, em todas as suas formas;
  • Apreender e confiscar substâncias ilegais, incluindo cocaína, crack, maconha, heroína, entre outras;
  • Fortalecer as fronteiras e controle rigoroso dos pontos de entrada e saída.

4. Integração social

A regulamentação antidrogas reconhece que a recuperação e a reintegração dos usuários e dependentes de narcóticos na sociedade são necessárias para sua reabilitação e prevenção de recaídas.

Para isso, algumas medidas preveem:

  • Implementação de programas específicos destinados a ajudar os dependentes químicos a retornarem ao mercado de trabalho;
  • Oferecimento de poio psicológico e social para os viciados;
  • Capacitação profissional e desenvolvimento de habilidades para aumentar as chances de sucesso dos indivíduos no mercado de trabalho;
  • Assistência social abrangente, integrando acesso a benefícios sociais, suporte financeiro, orientação sobre moradia e alojamento temporário, caso preciso.

Quais tipos penais da Lei n.º 11.343 06 são considerados tráfico de drogas?

Desde sua promulgação, a lei 11343, tem sido importante para entender as diretrizes e penas relacionadas à negociação clandestina de substâncias psicoativas, pois define os tipos penais e estabelece medidas para reprimir essa atividade ilegal. 

Alguns dos tipos penais relacionados ao tráfico de drogas incluem:

  • Ter entorpecentes em depósito para venda ou distribuição, mesmo que em pequenas quantidades;
  • Vender qualquer tipo de tóxicos, independentemente do volume;
  • Entregar narcóticos para outra pessoa consumi-las, mesmo gratuitamente;
  • Plantar ou cultivar qualquer tipo de planta que produza drogas, sem autorização legal;
  • Trazer ou levar substâncias ilícitas para o Brasil ou para outro país, sem regularização;
  • Produzir ou transformar psicotrópicos, sem permissão legítima;
  • Obter, transportar ou levar consigo entorpecentes, mesmo que para consumo pessoal, em quantidade superior à permitida por regra;
  • Receitar ou fornecer drogas sem necessidade médica, com o objetivo de induzir alguém ao uso indevido;
  • Incentivar ou ajudar outra pessoa a usar substâncias ilícitas, mesmo que sem oferecer diretamente;
  • Fornecer recursos financeiros para o contrabando, mesmo que não participe diretamente da atividade;
  • Associar-se a outras pessoas para o comércio ilegal, mesmo que não pratique nenhum dos atos mencionados acima.

A pena mínima para tráfico de drogas é de 5 anos de reclusão, conforme estabelecido pelo Artigo 33 da Lei 11343.  No entanto, as autoridades podem aumentar essa pena dependendo das circunstâncias do crime.

Por exemplo, a participação de menores de idade no crime, utilização de armas de fogo, prática do delito em áreas próximas a escolas, hospitais ou locais de grande movimentação, além de outros fatores que possam indicar maior gravidade da conduta.

Dessa forma, a legislação brasileira prevê diversas possibilidades para a aplicação de penas mais severas, visando coibir essa prática criminosa e proteger a segurança pública.

Qual a quantidade de droga é considerada tráfico?

Não há uma quantidade exata de narcóticos estabelecida pela legislação para caracterizar o crime de tráfico. Nesse sentido, a determinação é feita com base em critérios como a natureza da substância, o contexto da posse e a conduta do indivíduo. 

Em vez de focar apenas na quantidade, o estatuto considera fatores como a presença de embalagens, balanças de precisão, dinheiro em grande quantidade e outras evidências que sugerem o envolvimento com o comércio ilegal de narcóticos. 

Dessa forma, a negociação clandestina é caracterizada não apenas pela quantidade de droga em posse, mas também pela intenção de comercialização, distribuição ou produção proibida.

Qual portaria define o que é droga?

O Ministério da Saúde emite a portaria SVS/MS n.º 344/1998, que estabelece a definição de narcóticos e suas classificações. 

Esta portaria lista as substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial no Brasil. Ela institui quais componentes são consideradas drogas e regula sua produção, comércio, prescrição, distribuição e uso, visando controlar o seu acesso e garantir a segurança e saúde pública. 

Essa fiscalização e regulamentação do uso de psicoativos no país, contribui para prevenir o seu uso indevido e combater o comércio ilegal.

É crime ser usuário de drogas?

No Brasil, geralmente, as autoridades não consideram crime o uso de tóxicos pelos usuários. Quando em quantidade compatível com o uso individual e sem indícios de tráfico, as autoridades não tipificam como crime a posse para consumo pessoal de substâncias ilícitas.

Isso está de acordo com a Lei de Drogas (n.º 11.343/06) e com o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2006 decidiu que a sua posse para uso próprio não configura crime, mas sim uma contravenção penal, sujeita a medidas administrativas e penais diversas, como advertência, prestação de serviços à comunidade, entre outras.

No entanto, embora a posse de entorpecentes para consumo pessoal não seja considerada crime, o seu uso de pode levar a problemas de bem-estar físico e mental, dependência química e outros riscos, além de representar uma violação às políticas de saúde coletiva. 

Por isso, a recomendação é buscar orientação médica e apoio para lidar com questões relacionadas ao uso de drogas.

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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