Vídeo descritivo sobre a Autogestão, em conteúdo da ADVBOX sobre Direito, Tecnologia e Gestão.
Clique para assistir o episódio no Youtube, mas se preferir, segue o roteiro…
O que é Autogestão no trabalho?
Autogestão significa possibilitar que as pessoas se auto governem no trabalho, tornando-se um sistema que elimina a hierarquia.
Sendo assim, a autoridade é pelo contexto e pela qualificação das pessoas em cada assunto. Há alternância de poder e revezamento de lideranças.
Esse modelo é mais democrático que a tradição Fayol Taylorista que conhecemos com o chamado Comando e Controle. Além disso, pode ser muito mais eficiente se as ferramentas e procedimentos ideais forem adotados.
Posto isso, os advogados e seus escritórios podem ganhar muito com essa metodologia de gestão. Em suma, autogestão é um termo amplo, mas com o sentido de autonomia.
Para nós, esse conceito se divide em três fases:
1. Autogerenciamento do próprio trabalho;
2. Autogestão do setor onde trabalha, com seus colegas diretos de relacionamento diário;
3. Autogestão da organização, sendo a capacidade de participar e decidir sobre temas de alta gerência.
Há equipes tão hierarquizadas que os colaboradores não tem liberdade para gerenciar seu próprio trabalho, nem mesmo os mais experientes.
O autogerenciamento é uma capacidade que se adquire rápido. Todavia, metodologias levam à práticas mais produtivas como Kanban, Checklists, GTD, entre outras.
O Sistema de Pontuação por Tarefas, por exemplo, é uma ferramenta de autogerenciamento excelente para quem atua com trabalho intelectual, gerando alta produtividade e conectando com toda a equipe.
Como fazer a Autogestão dentro de uma empresa?
A autogestão no setor é uma prática permanente de cooperação e auto responsabilidade. A equipe exerce o poder de decidir, por exemplo, quem é admitido no grupo e também quem deve ser demitido.
Além disso, pode definir suas férias, folgas e até mesmo organizar seu horário de trabalho e a divisão de tarefas.
Ademais, se cria uma cultura de auto avaliação compartilhada com os colegas, gerando boas práticas, como o pedido de aconselhamento em decisões difíceis em que se busca opinião de um colaborador mais experiente ou que passou por uma situação parecida.
Além de tudo isso, não há cargos para gerar disputas ou brigas por posições, mas papéis compartilhados, sendo a evolução pessoal de cada um.
Cada setor é chamado de círculo e possui sempre dois líderes: um líder de operação e outro focado nas pessoas e suas necessidades.
Sendo assim, nessas posições de liderança há revezamento e não há remuneração maior para exercer esse papel.
As decisões são tomadas não por consenso, como em algumas cooperativas, mas por consentimento. Isto é: se não há uma objeção fundamentada para uma decisão, ela é aprovada.
Esta prática permitiu um ganho de eficiência imenso nas organizações autogeridas da atualidade, aumentando a capacidade de concorrer no mercado capitalista. Com isso, a parte administrativa e financeira da organização é pequena, sendo o mínimo de pessoas se envolvendo na burocracia.
Ademais, os treinamentos iniciais para novos e de reciclagem para antigos são feitos de forma compartilhada.
O que é Alta Gerência?
Na alta gerência está a fase mais complexa, nem todos se interessam em participar desta parte. Todavia, ela tem extrema importância.
Os colaboradores participam do Conselho Administrativo, podendo mudar a visão da organização, seja do ponto de vista interno de melhorias, seja do impacto social que pode ter cada decisão.
Para empresas existem modelos de autogestão que cabem na organização de escritórios de advocacia também, podendo ser adotados inteiros ou em partes, com apenas algumas práticas.
São eles:
- A Sociocracia 3.0;
- A Holacracia;
- A Organização Orgânica – O2;
- A prática cooperativista, a qual é compatível com as regras das sociedades de advogados da OAB.
Autogestão no Brasil e Exterior
Há experiências no Brasil e Argentina que são referência mundial, sendo as chamadas ERTs – Empresas Recuperadas pelos Trabalhadores. Estas são exemplos de autogestão bem sucedidas.
O Movimento cooperativista é muito forte em países como Brasil, Canadá, Inglaterra, China, Índia, Estados Unidos, África do Sul, Alemanha, Espanha e Rússia.
Entre as novas economias, a economia solidária é um movimento forte que incorpora a autogestão como prática. O falecido professor de Economia da USP, Paul Singer, é referência internacional.
Grandes empresas como Amazon, Google e a Apple estão adotando práticas de autogestão.
Na China, empresas estatais e privadas garantem assento e voto aos seus colaboradores. A Huawei, por exemplo, tem a maior parte do seu capital detido pelos próprios colaboradores da empresa.
Já na Espanha, a Mondragon é uma das maiores organizações do país, adepta à autogestão.
Da mesma forma, no Canadá, 30% das empresas são organizadas pela autogestão.
Contudo, o país onde a autogestão mais evoluiu foi na extinta Luguslávia. Lá, a autogestão teve tanto impacto que foi adotada como ordem econômica principal do país na Constituição de 1974, substituindo o sistema capitalista de empregador e empregado subordinado, bem como negando o sistema socialista de dirigismo estatal da produção, sendo expulsa da União Soviética por tal motivo.
Nesse período, o país teve o maior crescimento do mundo por anos consecutivos.
Sendo assim, pode-se concluir que a natureza humana é competitiva e muitas vezes apegada ao poder. Há pessoas que não gostam de assumir a responsabilidade por decisões de grupos. Além disso, a baixa escolaridade e qualificação em algumas organizações é fator também para a concentração das decisões.
Por outro lado, caminhamos para um mundo de informação compartilhada, onde a aprendizagem está cada vez mais acessível e as pessoas estão mais seguras e preparadas para a vida profissional.
Criar ambientes de trabalho com espaço para autonomia e liberdade pode gerar inovação e prosperidade para as equipes e, quem sabe, sermos capazes de construir um mundo melhor do que este que recebemos de gerações que pelo poder concentrado empreenderam guerras sem fim.
Autogestão
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