Há muito tempo que o Brasil já é reconhecido mundialmente como um dos maiores mercados jurídicos do mundo. Para ser mais exato, nosso país ficava até pouco tempo atrás como segundo colocado em número de advogados ativos, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Porém, segundo dados extraídos do site da OAB, o Brasil conta atualmente com 1.338.441 advogados em atividade, contra 1.327.910 nos Estados Unidos. Pode parecer uma diferença pequena, mas ela representa quase a mesma quantidade de novos advogados americanos no último ano.
Além disso, o mercado jurídico americano vem sofrendo uma pequena desaceleração, enquanto aqui no Brasil temos visto um aumento gradual de profissionais do direito.
Como acontece a distribuição demográfica dos advogados?
Um dado interessante é quanto à distribuição demográfica dos advogados nos dois países. Nos Estados Unidos, os estados de Nova York e Califórnia juntos somam a quantia de 352.785 advogados ativos, representando em torno de 20% de todo o mercado.
Enquanto isso, no Brasil, apenas o estado de São Paulo tem 342.267 advogados inscritos e em atividade, se aproximando dos mesmos 20% do mercado americano. Aqui apenas um estado reúne uma quantia equivalente a dois estados onde se encontram duas das maiores metrópoles mundiais.
Muitos fatores podem explicar essa diferença na distribuição, mas um que certamente influencia muito é o espalhamento demográfico diverso entre os dois países.
Enquanto por lá existem grandes centros populacionais espalhados por todo o território, aqui no Brasil nossas grandes cidades, e consequentemente os cursos de direito e a maioria das oportunidades de emprego, estão concentradas principalmente no litoral.
A distribuição de advogados por gênero é igualitária?
Outro dado interessante a ser observado, e que deve servir de motivo de orgulho para o cenário jurídico brasileiro, é a distribuição de advogados por gênero.
No Brasil, dos 1.338.441 advogados, 687.121 são do gênero feminino e 672.122 do gênero masculino. Ainda que exista uma diferença desfavorável em relação ao gênero feminino ela é pequena e deve ser superada em breve.
Já nos Estados Unidos, as mulheres representam apenas 37% dos advogados, uma diferença significativamente maior do que no mercado brasileiro.
Ainda que tenha havido um aumento de 4% no número de advogadas mulheres no cenário americano, essa diferença ainda representa um grande obstáculo a ser vencido por lá.
A advocacia americana está diminuindo?
Como dito anteriormente, o aumento do mercado jurídico dos Estados Unidos tem sido mais lento nas últimas décadas, após ter atingido seu pico nos anos 1970, quando houve um acréscimo de incríveis 76%, passando de 326.000 em 1970, para 574.000 em 1980.
Já na última década o crescimento foi de apenas 8,4%. Em 2010 existiam 1.203.097 advogados devidamente registrados no sistema jurídico dos Estados Unidos, o que demonstra um aumento de pouco mais de 100.00 novos profissionais nesses 11 anos.
Enquanto isso, o Brasil apresenta um crescimento de quase 20% ao ano e com tendência de alta. Em outras palavras, temos um mercado muito bem estabelecido e que, apesar do grande número de profissionais, ainda apresenta oportunidades para novos ingressantes.
Os Estados Unidos têm uma advocacia envelhecida?
Também é muito interessante prestar atenção aos dados referentes à idade dos profissionais da área nos dois países.
Nos Estados Unidos, a maior parte dos advogados está na faixa etária que se estende dos 35 aos 44 anos, que representam 27% do total, e o segundo maior grupo é o que tem de 45 a 54 anos, 22,4% de todos os advogados.
Observando esses dados percebemos que é um mercado muito bem estabelecido e com profissionais experientes, mas que não apresenta uma renovação tão eficaz quanto é necessário.
Apenas 18,4% dos advogados americanos têm entre 25 e 34 anos, e com a desaceleração no número de novos advogados corre-se o risco de em breve o cenário consolidado de agora tornar-se um um meio envelhecido.

A advocacia brasileira é jovem?
Já no Brasil, a maior fatia dos profissionais do direito se encontra na faixa dos 26 aos 40 anos de idade. Esse grupo conta com 563.419 advogados, ou seja, quase metade dos advogados ativos se encontram nesta faixa.
Enquanto isso, o segundo maior grupo etário em números de advogados têm entre 41 a 59 anos, totalizando 421.941 profissionais. Com esses números é possível entender o mercado da advocacia brasileira como um mercado jovem e com potencial de crescimento.
Uma vez que a geração mais jovem é significativamente mais numerosa que as mais antigas, o mercado tem a capacidade de substituição necessária para se manter estável por algumas décadas.
Cabe dizer que o Brasil ainda conta com 61.106 advogados com menos de 25 anos, profissionais jovens que em breve estarão em pé de igualdade com as demais gerações.
Como é a igualdade racial na advocacia
Quando o assunto é igualdade racial, a situação brasileira, ainda que muito desigual, também é mais promissora que a americana.
No Brasil, 62% dos advogados se auto declaram brancos, 37% negros e 2% amarelos. Em um país em que em torno de 51% da população geral se considera negra, é com certeza uma situação preocupante.
Porém, quando observamos os dados americanos percebemos uma situação ainda mais desigual. Por lá, 85,4% dos advogados são considerados brancos, 4,8% hispânicos, 4,7% negros e 2,5% asiáticos.
Com a crise econômica e o menor afluxo de profissionais para o mercado americano, é de se esperar que esses dados possam piorar nos próximos anos.
Já no mercado brasileiro, essa maior igualdade, ainda que pequena, deve ter relação com a ascensão econômica das últimas décadas. Basta agora observar como o cenário irá se comportar no futuro próximo.
Como é a distribuição da advocacia no Brasil?
Focando somente no cenário brasileiro, temos alguns dados interessantes para observar. O primeiro diz respeito à distribuição geográfica dos advogados, já citada anteriormente.
Se numa ponta temos São Paulo com praticamente o dobro de advogados que o segundo colocado, 342.267 advogados paulistas contra 148.554 no Rio de Janeiro, no outro extremo temos Roraima com apenas 2.362 profissionais do direito.
Esse contraste é extremamente problemático e revela a falta de assistência com a qual as regiões não centrais do Brasil têm de lidar.
Ainda que a população do estado de Roraima seja muito menor que a do estado de São Paulo, 652.713 contra 41.262.199 habitantes, a distribuição de profissionais do direito continua ineficaz para atender todas as demandas da sociedade.
Como é a igualdade de gênero na advocacia brasileira?
Retornando aos dados referentes a gênero e cruzando-os com os que dizem respeito à idade, temos uma situação muito interessante a ser observada.
O Brasil conta com 146.876 advogados homens com mais de 60 anos e apenas 75.194 advogadas mulheres na mesma faixa etária, o que certamente é um problema se pensarmos em termos de igualdade de gênero.
Porém, se observamos as gerações mais novas percebemos mudanças nesse cenários
Na faixa que vai dos 41 aos 59 anos a desigualdade ainda existe, mas a discrepância já é bem menor. São 203.573 advogadas mulheres e 218.368 advogados homens.
Já nos advogados mais jovens o cenário se inverte e percebemos um número maior de mulheres exercendo a profissão, na faixa que vai dos 26 aos 40 anos temos uma diferença de mais de 80.000 advogadas a mais que advogados.
Esse cenário é um retrato dos nossos tempos?
Pode ser que esse cenário se trata de um retrato dos tempos em que vivemos, onde as mulheres foram aos poucos conquistando mais direitos e espaço no mercado de trabalho. Se esse for o caso, temos um futuro de maior igualdade no meio jurídico.
Porém, é comum em diversas áreas, que o número de mulheres ativas profissionalmente diminua conforme a idade avança devido à divisão do trabalho por gênero.
Ainda é muito comum em nossa sociedade que as mulheres assumam o papel de cuidadoras do lar da família, enquanto os homens cumprem a função de manutenção financeira.
Isso se reflete em um grande número de mulheres desistindo de suas profissões para se dedicarem ao trabalho doméstico, o que acaba por aumentar novamente a desigualdade profissional.
Ainda não temos dados suficientes para afirmar qual é o cenário brasileiro, mas é importante ficarmos atentos a isso.
O que é possível tirar de conclusões dos dados apresentados?
Com todos esses dados é possível entender que o mercado jurídico brasileiro está em um momento de definição do seu próprio futuro, muito semelhante ao que aconteceu com os Estados Unidos nos anos de 1970.
Somos um mercado jovem e em crescimento e com uma base profissional sólida. Temos muitas situações relacionadas à desigualdade com a qual precisamos lidar, mas ainda assim nosso mercado é mais igualitário que o americano.
É preciso agora lutar para que essa igualdade se amplie e reflita nos serviços prestados à sociedade.
E a ADVBOX permanecerá sempre atenta a todas as mudanças pelas quais nosso mercado passa e buscando ajudar sempre da melhor forma possível!
